A região Sul do país vem enfrentando uma crise hídrica que entrará para a história de desastres climáticos na região. Algumas estações registram acumulados inferiores aos 150 mm nos últimos 90 dias, sendo justamente o período de verão um dos mais chuvosos na região. Especificando essas estações temos Rolante (77.2 mm), Entre-Ijuís (94.4 mm), Uruguaiana (94.5 mm), Cachoeira do Sul (109.6 mm). 

Por outro lado, o sudeste do país vem atravessando um período de chuvas muito acima da média e com volumes significativos. Os registros superam os 1000 mm em diversas estações, nestes últimos 90 dias, acumulando impressionantes 1929.8 mm em Santa Luzia, MG, de acordo com a consulta realizada nas estações monitoradas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).  No final da última segunda-feira (07/02) a Conab emitiu seu recente boletim com a previsão das condições hídricas para as áreas produtoras de milho (1ª safra) e soja do país. E de acordo com a companhia existe a previsão de piora das condições hídricas na metade oeste do RS, sobretudo para as lavouras de soja.

Outro ponto que vale mencionar, é que por este recente monitoramento realizado pela Conab, o RS ainda não avançou na colheita das lavouras de soja. Ao passo que o estado com a maior área colhida é o MT, apresentando 42.1% no avanço da etapa. Ainda assim, o RS avança na colheita do milho tendo 42% da área colhida, ficando atrás somente de SC, o qual apresenta 49% da área total já colhida. 

Também é importante observar que, mesmo com as chuvas mais frequentes na faixa central do país e o registro pontual de excessos de umidade, a companhia não indicou nenhum nível de restrição em relação ao excesso de chuvas. Pelo contrário, mantém a previsão de condições favoráveis ao longo dos próximos dias. 

O que diz a Conab:

Soja: 

Em MT a colheita acelera, superando os 42% da área, com boas produtividades. Em GO e MG, a colheita avança num ritmo lento devido às chuvas. No PR 11% da área está colhida, com 64% das lavouras em situação ruim ou regular devido à estiagem. No RS, 65% das lavouras estão em fase reprodutiva. Mesmo com o retorno das chuvas, as perdas são irreversíveis. Em MS o retorno da umidade tem favorecido as lavouras em floração e enchimento de grãos. No Matopiba a colheita já começou em todos os estados, com destaque para o TO e a BA com 15% e 5% colhido, respectivamente, sob condições pontuais de alta umidade.

Milho:

Em MG, as lavouras estão iniciando a maturação sob boas expectativas de produtividade. No RS a colheita chega a 42% da área com a confirmação de perdas irreversíveis, maiores na Fronteira Oeste, Noroeste, Missões e Central. No PR, a maioria das lavouras estão em frutificação e maturação. Devido às condições climáticas adversas, 61% das áreas estão em condições ruim ou regular. Há previsão de redução da produtividade esperada. Em GO, lavouras em enchimento de grãos, sob boas condições fitossanitárias. No Matopiba, as lavouras estão majoritariamente em boas condições.

Feijão:

Colheita das primeiras áreas semeadas no Centro-Norte da BA, com perspectiva de avanço para as demais regiões. No Extremo Oeste há registro de perdas pontuais por ataque de mosca branca e no Centro-Sul há preocupação com a escassez hídrica. No geral, as lavouras estão regulares e boas. Em GO a colheita está em fase final, apresentando rendimento médio satisfatório, apesar da possibilidade de perda de qualidade por excesso de chuva na maturação. No PR, 92% da área está colhida. Há redução na produtividade e na qualidade em razão da estiagem. Em MG, a colheita está em 88% e as chuvas durante a maturação reduziram a qualidade dos grãos.

Algodão:

Em MT, as condições climáticas favoreceram o desenvolvimento vegetativo, o início da floração do algodão de 1ª safra e a semeadura da 2º safra de algodão. No Extremo Oeste da BA, a semeadura está quase concluída e as condições são favoráveis ao desenvolvimento da lavoura, apesar de perdas pontuais, devido à alta umidade. Na região Centro-Sul baiana são boas as condições das lavouras. No MA e em MS, a semeadura está finalizada e com bom desenvolvimento vegetativo. Em GO e MG, o ritmo da semeadura reduziu, devido ao excesso de chuvas. Em SP, a semeadura está sendo finalizada sob boas condições climáticas.

Por: Agrolink