O dólar fechou em expressiva queda nesta terça-feira, com o real liderando os ganhos entre as principais moedas, em dia positivo para ativos de risco no mundo e com expectativas de retomada da agenda local de reformas após vitória sólida de aliados do governo nas eleições para Câmara e Senado.
O dólar à vista caiu 1,70%, a 5,3562 reais na venda, após oscilar entre 5,3442 reais (-1,92%) e 5,4225 reais (-0,48%).
Na lista de ganhadores contra o dólar na sessão, a moeda brasileira era seguida por peso colombiano, peso mexicano e rand sul-africano --que também se beneficiam de demanda por risco.
O mercado aguardava mais estímulos fiscais nos Estados Unidos enquanto se mantinha atento à safra de balanços corporativos por lá.
Mas o real abriu "gap" positivo ante seus pares, turbinado pelo noticiário doméstico depois das eleições dos presidentes da Câmara e do Senado.
Apoiado pelo governo, Arthur Lira (PP-AL) foi eleito com larga vantagem em primeiro turno para a presidência da Câmara.. E o novo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), prometeu na noite de segunda-feira esforço para conduzir pautas de interesse do Poder Executivo.
Investidores já contavam com a vitória de ambos, mas a larga margem nos dois casos surpreendeu e indicou maior suporte a negociação com o governo.
"No geral, os votos esmagadores de ambos os candidatos em torno (ou acima) da maioria constitucional (60%) em ambas as Casas Legislativas devem fortalecer a interpretação de que as reformas estruturais têm maior probabilidade de serem aprovadas, apoiando os preços dos ativos domésticos", disse o Citi em nota.
No entanto, várias análises de profissionais de mercado destacaram que, apesar de pronta para um retorno, a agenda de reformas ainda enfrentará dificuldades políticas.
"A estagnação dessa pauta (econômica) em 2020 ocorreu muito mais em função da eclosão da pandemia do coronavírus e da trepidez do próprio governo do que de uma postura antagônica dos antigos presidentes do Legislativo. Para que as reformas avancem em 2021, a mudança terá de vir do próprio Planalto", disse Conrado Magalhães, da Guide.
Para Gustavo Arruda, economista chefe do BNP Paribas no Brasil, o Congresso está hoje menos preso à relação de troca com o governo do que o próprio Executivo. "Então vejo uma chance de a gente se decepcionar com a agenda" de reformas, disse, citando, por exemplo, risco de o Legislativo aprovar novo auxílio sem contrapartidas.
Para o banco francês, o dólar deverá encerrar o ano em 4,25 reais, queda nominal de 20,7% ante o fechamento desta terça. Ampla liquidez global, fraqueza generalizada da moeda norte-americana, fundamento positivo do Brasil em termos de contas externas e descolamento do real frente aos pares estão entre os argumentos do BNP para a expectativa de apreciação cambial.
Fonte: Reuters - Notícias Agrícolas
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